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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

de quem chegou

queria tanto falar 
do tanto que eu sinto 
do meu jeito de amar 
que contigo eu não minto 

e nas linhas, e em prosa 
eu preciso te dizer 
que o mundo ficou rosa 
e eu queria manter 

me perco em ti todo dia 
e isso tanto me deu medo 
que era sempre a epifania 
de um novo segredo 

um encontro de almas 
que despertou algo em mim 
que me faz bater palmas 
que me levitou assim 

e se o amor for errado 
e se for tudo ao inverso 
posso estar enganado 
mesmo assim, cá meu verso 

que eu te amo e preciso 
do teu jeito facinho 
da pontinha do teu riso 
e do nosso carinho 

não te preocupa, meu bem 
em definir, rotular 
meu tempo é teu, vem 
melhor que tudo é amar 

e me perdoa, eu peço 
se às vezes eu sou demais 
se no exagero eu tropeço 
e se impeço teu cais 

desembarca-te em mim 
conta todos teus temores 
e me deixa entrar em ti 
e amparar tuas dores 

que a gente deu tão certo 
e o sentimento é tão puro 
que se a gente tá perto 
fica tudo bem, eu juro!

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Nossa história mais-que-perfeita

Éramos eu, você e o vinho
o vento batendo à porta
o toca-fitas do vizinho
o quadro de natureza-morta
o piso rachando sozinho
a cama, rangendo e torta

Somos eu, você e crianças
um carro, uma casa amarela
a calculadora das finanças
o rádio tocando Aquarela
roupas perdidas na mudança
hoje subúrbio, ontem favela

Seremos eu e você no fim
cadeiras de balanço e ar puro
flores e frutas no jardim
dormir antes de ficar escuro
você se declara p'ra mim
e amor eterno eu te juro.

terça-feira, 15 de março de 2016

Desabafo do sofredor

Era tudo tão bonito
Era tudo tão perfeito
Quando avião era de rico
E não de pobre prato-feito

Era tudo tão legal
Não tinha compromisso
A roupa em cima do varal
Sem pagar nada por isso

Aí veio a Rosana
Com um papo diferente
"Minha filha Juliana
Vai ser igual a sua gente"

No começo até ri
Talvez fosse só a fome
Aí que eu descobri
Que isso tinha outro nome

Um tal de Lula lá chegou
Quis saber um pouco mais
No chão de fábrica pisou
Era desses vadios sindicais

Como pode bicho pobre
E ainda com dedo a menos
Querer ser gente nobre
E alimentar os pequenos?

E olha só mais essa aí
Pobre agora tem salame
Além disso, ganhou bolsa
Que antes só tinha a madame

Burrada após burrada
Só aí fui perceber
Nas mãos da empregada
Olha a nova CLT

Sobe imposto, mais e mais
Até quando o rico sofre?
O dinheiro dos jornais
Agora vou trancar no cofre

Na Suíça não dá mais
Começaram a procurar
Aí mostrei aos federais
A esquerda caviar

Não é possível existir
E nesse mundo não conheço
Gente que goste de repartir
E não me fale o seu preço

terça-feira, 8 de março de 2016

O ardor

Sou'ma garrafa de whiskey
tão cheio e vazio
já não sinto mais vida
e nem sinto o frio.

Eu só sinto em mim
o derretente ardor
que me tirou o coração
e me levou o amor.

Então canto comigo
uma ode à morte
desafino e nem ligo.

O que é perder a voz
quando já tiraram
tudo de nós?

E aí, caiu?

De cada buraco
que piso
eu sinto
o mais profundo
(mais pro fundo)
sentimento.
O descaso
os sem casa
os sem caso
e agora
por um buraco
os sem vida.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Déjà vu

Atentados em Minas,
Terroristas gerais
Descasos e chacinas
Vale menos, Vale mais

Sangue na bandeira
Lama no brasão
Morre a terra inteira
Não só a lama da nação

Do bom dia ao bonjour
Do Cristo à Eiffel
Apagam o abajur
E vêem o mesmo céu

Corpos tão mal deitados
São vistos toda hora
Dos estados islamizados
Uma cidade se apavora

Desbarranca, dispara
Violência gera grana
A negligência que não para
É fruto de gente sacana

sábado, 10 de outubro de 2015